quarta-feira, junho 7

Reflexões

Recebi de José Paulino e divulgo...

Somos meros transmissores de conhecimento ou de informação de uma maneira geral; somos produto de toda uma infância e dos amigos e livros que fomos lendo ao longo da nossa vida. Então porque tomamos posições sobre determinados assuntos, posições essas que quase sempre podem ser contrariadas? Para além das cores e dos objectos que assumimos em uníssono quase tudo é contrariável. Vejamos como somos contra a guerra do Iraque e pasme-se quando ouvimos certos comentadores defenderem paulatinamente no ecran magico a guerra como uma fatalidade que tinha de acontecer. Vejamos como somos contra medidas impopulares que este governo toma e como o mesmo (Sócrates e ministros) vem à tv defender cheio de convicção ao que nós às vezes pasmamos como isto é possível? Então em que ficamos. O que nos faz ser a favor disto ou contra? Mass media!!! Têm o condão de nos por a pensar segundo uma determinada matriz e quem tem o controlo impõe o pensamento. Cerca de 80% da informação que circula a nível mundial tem a sua origem nos USA. O que não é falado nos media não existe. Não é como na nossa rua (não nas ruas actuais cheias de prédios altos) onde o debate é aberto e onde todos sabem tudo e a realidade se torna mais real. Actualmente já não somos nós; as nossas cabeças trabalham segundo uma informação que se produz e que cai em catadupa na caixinha mágica. Veja-se por exemplo o que aconteceu em Faluja e veja-se por exemplo que mesmo assim é possível ir um comentador à tv e demonstrar que o uso de fósforo branco que ali foi usado é legítimo consoante o artigo tal das nações unidas e com fins humanitários. Coisas incríveis contra as quais nos insurgimos caem por terra com uma facilidade às vezes confrangedora. Veja-se a loucura com que os media falam do campeonato do mundo. Se eu fosse à tv e dissesse que não torcia por Portugal, nem por qualquer outra equipa com certeza que me quereriam comer vivo. Enquanto houver fome haverá um grito de denuncia, enquanto houver desigualdade e guerra mais gritos haverão, mas hoje em dia se a fome não for falada nos telejornais não há fome e por aí fora. O que não é falado não existe!!! Quem tem razão, os telejornais que não dão a devida importância e dimensão à realidade? Ou dão? Quem tem razão? Bush que aparentemente julga que está a fazer o que é certo? Acreditamos nós que ele acredita mesmo que está a tratar da democracia? Nas palavras se esconde muita coisa mas quando ele diz que vai atacar o Irão ele diz convencido que vai fazer o bem ou ele é o ladrão que se esconde nas palavras para roubar o petróleo? Bem ou mal não sabemos o que pensam os outros logo somos forçados a julga-los pelos actos. Mas os crimes que os Americanos praticam não são falados (são apresentados como actos contra o terrorismo) ao contrário das torres gémeas que varias vezes são trazidas para a ribalta (ultimamente mais) para com isso legitimar (e agora ate vão sair dois filmes sobre o 11/9) a agressividade da América. E mesmo se o próprio Bush ( e comadres) sabe que está a mentir mas consegue fazer uma cara a convencer a ele próprio e ao mundo que é necessário esta guerra toda em que ficamos? Por muito menos foi Milosevic morto no presídio para onde foi deportado através de um jogo longo de palavras nos media e poderio militar abraçados pela ONU e com os americanos à frente (ler “Cruzada de Cegos”), os mesmos americanos que em caso algum podem ir a tribunal internacional, é assim a regra. Quantos comentadores na nossa praça não defendem a legitimidade da acção americana no mundo? Quantos não estão já de acordo com a invasão do Irão? Lembram-se de Durão Barroso ter começado a injectar nos media o discurso da tanga, que o país estava de tanga? E depois Vítor Constâncio veio propagandear o défice, que era preciso conter o défice continuando ele a receber 5000 contos por mês coitadinho que quando tinha ido para o Banco de Portugal já era assim? E então o problema põe-se assim. Quando Vítor Constâncio precedido por Durão Barroso faziam o discurso da tanga faziam-no porque acreditavam ou porque dava jeito fazer acreditar porque esse era o caminho para o saque de quem tem remunerações através do trabalho? Quando vêem defender o sector privado e dizer que é preciso conter a despesa pública fazem-no por convicção ou sabem que esse é o caminho para rebentar com os funcionários públicos e consequentemente arrecadar para eles, privados, os despojos roubados? A polícia zela pela lei logo pela sua segurança. Muitas medidas impopulares têm sempre o condão de estarem defendidas pelas forças de segurança (Estado de direito). Mas eles quando dizem que o que é preciso é conter o défice acreditam ou sabem, como qualquer homem que seduz uma mulher, que é esse o caminho para o saque ( bem melhor é o caminho para o amor) ? Se não sabem são cegos. Se sabem, cegos são de ignorar a sua consciência. E nós pobres pacóvios, assalariados do capital, trabalhadores por conta de outrem assistimos impotentes a perdemo-nos em análises com os cegos. No mínimo também estamos cegos. Estamos todos cegos, cegos que vêem (o quê???), cegos que vendo não vêem (Saramago). Diz a minha vizinha, senhor Zé o que é preciso é acordar com saúde, pois mas uns acabam a vida em lares luxuosos enquanto outros vão definitivamente morrer para o caixote do lixo quando afinal podíamos todos morrer de uma maneira digna. Como? Não se esqueçam que estamos cegos. Cegos que vêem….