sábado, agosto 26

"Vergonha das nossas (es)caras"

Ponderei maduramente se devia "atirar-me" para este post, e achei que a pertinência do assunto é muita e daí que resolvi avançar! A imagem ao lado, e que é arrepiante, concordo, é aquilo que vulgarmente se chamam "escaras" (úlceras de decúbito) e que atingem normalmente pessoas debilitadas, de mais idade e acamadas!
E meus amigos:- Posso dizer-vos que há em Faro centenas de pessoas com estes problemas!
Nasci, cresci, vivi e vivo "ligado" à problemática da saúde! Pai médico, irmãos médicos, mulher enfermeira.....
Com demasiada frequência oiço o relato de situações de pessoas acamadas, normalmente idosos, que são autênticos dramas! Perguntarão, a que pretexto estou para aqui a "arrotar postas de pescada" sobre esta matéria! É que este é um grave problema da nossa sociedade! O "abandono" a que ficam muitas vezes sujeitos os mais idosos!
O quadro tipo destes casos é uma pessoa idosa que se vê "obrigada" a ir morar para casa dos filhos pois a sua saúde já não lhe permite viver sózinha! Mas há muitos outros que passam por estes "calvários" porque vivem pura e simplesmente abandonados a si próprios, pois não têm para onde ir!! São declaradamente abandonados pela família...
Assim, os que têm familares têm uma casa onde recebem o conforto moral e o apoio técnico e higiénico que é possível! É mesmo assim:- que é possível! O familiar não pode abandonar o seu emprego para ficar em casa a tratar do doente! Faz o melhor que pode e sabe, mas tem a sua vida! Então o idoso, passa práticamente todo o dia sózinho!! Estando acamado, é necessário praticar uma série de actos com frequência, nomeadamente mudá-lo de posição no máximo de 2 em 2 horas....Isso não acontece e lá vêm as escaras....E começa outro drama dentro do drama já existente! O hospital "não é para tratar destas coisas"! Não será?! E assim, mesmo com o apoio domiciliário que alguns recebem, e que normalmente é insuficiente por falta de meios humanos e logísticos, começam as idas ao hospital que "devolve" o doente o mais rápidamente possível...
Outras vezes o doente "cai" no hospital, que faz o seu trabalho e que telefona à família para ir buscá-lo! E, meus amigos, muitas vezes estes doentes ficam dias e dias a fio no hospital pois não aparece niguém para os levar....Isto é, infelzmente, a triste realidade!!!!!!
E este é o grave problema social que temos! E solução??? Eu confesso que não sei! Mas sou um leigo! O sistema nacional de saúde, ou melhor, o governo, tem que arranjar soluções para este problema! Quando tanto se fala no futuro hospital central do Algarve, será que o actual não terá que passar a contemplar este tipo de situações???
É muito triste trabalhar-se uma vida, ter uma reforma de miséria e "acabar a vida com o corpo coberto de autênticas cavernas por onde se consegue ver a dor que vai na alma dessas pessoas!"
Por isso digo que este assunto é
"A vergonha das nossas (es)caras"!!!!

10 Comments:

Anonymous Anónimo said...

É verdade som senhor, não há respostas para estas e outra situações, eu á uns anos senti isso mesmo quando o meu sogro ficou acamado, tentamos de tudo, mas só o que conseguimos foi um visita de uma enfermeira ou um médico uma vez por semana, e viva o velho, o resto dos dias faziamos nós (eu e a minha sogra), conforme a minha e dela disponibilidade, pois tinhamos que trabalhar todos os dias e a disponibilidade financeira não era a melhor .
Tenho conhecimento de uma pessoa «Sr. Graça» pai de um colega meu e ex Presidente da Junta de Freguesia da Sé, que se encontra nesta cituação, embora com os cuidados diários da e adquados da instituição onde se encontra internado (lar de idosos em Moncarapacho), mas como dizes e é a realidade nem todos teêm dinheiro para pagar uma boa assistência no fim da sua vida, o meu sogro não tinha sequer pensão de reforma .

Um abraço e bem hajas
J. Seita

5:33 da tarde
Blogger Ruralidade said...

A publicação deste post é um acto de coragem que conta com o meu humilde apoio a 100%.
Confesso que me chocou, mas se não o fizesse quer a mim quer aos outros, não conseguiria o objectivo pretendido
Bem haja

6:30 da tarde
Anonymous Anónimo said...

PENSO QUE TOCA A TODAS SENSIBILIDADES. SERÁ?

12:45 da manhã
Anonymous Anónimo said...

PENSO QUE TOCA A TODAS SENSIBILIDADES. SERÁ?

12:45 da manhã
Anonymous Anónimo said...

Às vezes é preciso pôr o dedo na ferida. Realmente, o abandono de idosos ou a falta de condições para os tratar está a tornar-se um problema mto sério.

Jinhos***

11:07 da manhã
Blogger Português desiludido said...

Olá, alfazema.
Obr. pela tua achega! Eu, felizmente, tive a mimha Mãe acamada e acabou os seus dias sem absolutamente nada de escaras! Mas nós não servimos de exemplo! A situação económica da grande maioria não lhes permite dar ao familiar aquilo que gostariam, ao ponto de terem alguém para estar 24 Hs a tratar do doente! Quanto aos Lares...isso é outro assunto! É de momento, dos negócios mais rentáveis no nosso país....A crise não chega lá! Quanto à qualidade dos serviços, eheh, nem calculam...Talvez um dia fale disso!E cobram €€€€€€€€€oo!
Bjs
Pedro

6:16 da tarde
Anonymous Anónimo said...

E há ainda as escaras contraídas no próprio hospital, no decorrer de internamentos mais ou menos prolongados, como me aconteceu a mim, há cerca de dois anos, no hospital de Faro.
Sendo a predisposição para contraír as escaras uma situação recorrente em determinados tipos de internamento, como é o caso de fracturas em que o doente não pode mudar de posição, parece-me que os técnicos de saúde deveriam tomar logo as precauções devidas para que o doente não viesse a sofrer mais esta dolorosa humilhação.
No meu caso, quando puseram na minha cama um colchão anti-escaras, já eu tinha os calcanhares e a zona do cóccxis em carne viva, o que, mesmo sujeito a tratamento intensivo, demorou algumas semanas a sarar. O que poderia ter sido evitado, com vantagens para o doente e para o SNS.

Ossonobense

7:17 da tarde
Blogger GTL said...

Infelizmente devo reconhecer que tudo se deve ao dinheiro, ou melhor à falta dele. Também tive essa situação em casa, um tio que sofria de diabetes, pesava 100KG e tiveram que lhe amputar as pernas. Eu e a minha mãe não tinhamos força para o mudar, e graças a Deus tivemos dinheiro para lhe proporcionar uma agradável estadia num Lar que pelo menos nessa altura era muito bom. Poucos são os lares que recebem acamados devido aos exigentes cuidados permanentes.
Contudo, e apesar desse lar ter excelentes condições não tinha um colchão anti-escaras, o que prontamente comprámos. O meu tio acabou por falecer alguns anos mais tarde de um ataque cardiaco. Não sofreu uma unica escara e nos ultimos anos de vida viajou pelo país com a ajuda da Euroambulâncias. Foi assistir à minha benção das fitas em Lisboa, foi a Setubal, percorreu o Algarve e morreu a dormir na volta de um desses passeios.
Sinto-me feliz, agradecida e orgulhosa da minha mãe que proporcionou ao tio o que muitos não proporcionam aos próprios pais (o irmão e os restantes sobrinhos nunca poderão dizer o mesmo).

Termino com uma reflexão: o estado de um país verifica-se pela forma como trata os seus velhos e os seus animais.

Parabéns pela coragem
MDB

11:58 da manhã
Anonymous Anónimo said...

Tenho tido conhecimento de alguns casos através dos programas de entretenimento da manhã na tv e realmente penso que é um tema preocupante porque ninguém se responsabiliza pela maioria das pessoas acamadas, além dos idosos não esquecer os portadores de deficiências mentais e motoras que muitas vezes são também deixadas à sua próprioa sorte... parabéns
pela lembrança e que aqueles que têm o poder de decisão se preocupem com a questão.

9:09 da tarde
Blogger Isália said...

Eu também tive uma situação dessas na minha familia. o meu avô materno depois de muitas passagens pelo hospital caiu entrevado da cintura para baixo numa cama. na altura eu era muito pequena, mas lembro-me bem, da minha mãe com os frascos de betadine e das comprensas para fazer o curativo ao meu avô. feridas que ele ia adquirindo por estar deitado. a minha mae de vez em quando levantva-o da cama e sentava-o no sofá. levantava-o do sofá e deitava-o na cama. nesta altura já ele estava demente e chamava nomes a todos, principalmente à minha mãe. Apesar de ser pequena lembro-me bem disto...ia ajudar a minha mãe e adorava o meu avô...no entanto deus resolveu leva-lo deste sofrimento...tinha eu 10 anos...mas nunca o irei esquecer apesar de todo o sofrimento que passou. custa muito! temos de abdicar de muita coisa para dar atenção aqueles que nos são mais queridose jamais os poderemos abandonar. eu nao sei para o que estou...mas ca estarei para ver

12:06 da tarde

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