quinta-feira, julho 30

DUOCRACIA

Duocracia

A provecta idade, que é aquilo a que se chega com um bocado de sorte e muita persistência, tem a vantagem de fornecer um manancial de memória nada desprezível quando chega a hora de fazer comparações. Por exemplo, quem viveu no fascismo lembra-se que então reinava por cá a paz podre da repressão e da exploração, que a liberdade tinha a perna curta dos lápis da censura, pelo que muitos fizeram a mala e zarparam.
Com a revolução de Abril tudo mudou. Portugal abriu as portas ao mundo e tempos houve em que foi possível voltar. O Sol foi de pouca dura. A contra-revolução ganhou terreno, voltou ao Poder e paulatinamente foi reinstaurando (e ainda o está a fazer) a velha ordem capitalista, sob a larga capa da democracia, que ao fim de 33 anos de mau uso foi encolhendo, encolhendo e deu nesta duocracia actualmente em vigor.
As consequências estão à vista: Portugal dá de novo ao mundo cada vez mais portugueses, o que faz da emigração o nosso maior produto de exportação, e no País só quase à lupa se encontra coisa que não seja made in qualquer outro lugar. Protestam os pescadores, os agricultores, os metalúrgicos, os professores, os funcionários públicos, os polícias e os militares, os jovens e os menos jovens, as mulheres e os homens, mas os duocratas andam tão entretidos nos seus negócios, nas suas falcatruas, nas suas corrupções, nas suas vidas de luxo que nem dão conta da sangria que grassa no País real. Não dão conta, quer dizer... Em ano de eleições mandam as boas práticas que se fale às massas prometendo mundos e fundos e pintando de cor-de-rosa todos os cenários, por mais negros que sejam. A última novidade saída esta quarta-feira do forno PS é a promessa de uma conta poupança de €200 a cada novo bebé nascido em Portugal que só poderá ser movimentada quando o petiz completar 18 anos. Chamam-lhe uma «conta futuro» para fazer de conta que o futuro está na banca. Do salário condigno dos pais, do posto de trabalho, da habitação, da saúde, da educação, da cultura... nem uma palavra. É caso para dizer que é pouca uva para tanta parra. Assim como assim, mais vale ir nascer à vizinha Espanha, onde os bébés já vêm com €2500 no «cordão umbilical».

Anabela Fino

3 Comments:

Anonymous marceano said...

Certo. Se tivesse de nascer, aqui outra vez, preferiria nascer aqui ao lado, de facto, na Ibéria.
Nesse tempo de nascer, não há cores de bandeiras.
Mas se tivesse de procriar mais 1ou 2 filhos, fá-los-ia em Espanha.
Depois, e a propósito, há a Federação Ibérica, já sujeita a referendos. Publicados na 5ª coluna. A informação. Também querem poder, do bolo, a bem das redacções políticas...
A Coroa espanhola, em famílias oligarquicas, está ligada aos nossos Portugueses. Estão todos em família.
Veio o Filipe II por ordem dinástica. Tranquilamente, constitucionalmente.
Sucederam a eles mais dois monarcas, em família.
Deram muito a este nosso País. na cultura, e naturalmente o poder cobra, masdeixaram-nos livres isto era deles... Problemas deles nas Flandres.
Depois, deixaram-nos, outras pressões noutros lados.
Interessante questão !!!
Não falo basco nem catalão.
Mas falo um dos dialectos da Ibéria.
Em Roma, sejamos romanos.
Ave !!!

11:01 da tarde
Anonymous marceano said...

Pois, não faz mal.
Dois anos de picadas e emboscadas só fizeram danos essencialmente psicológicos a quem por lá passou.
Morreram poucos...mas muitos foram para as suas famílias, destruídas assim, cerca de 15.000, 6.000 dos quais em acidentes e doenças, não são heróis da Pátria..., que os chamou...

Contabilizar um sistema nacional onde, morrendo pelo Estado Português, a justiça não funciona? A justeza que os cidadãos esperam?

As desculpinhas desta malta que governa, incipientemente, são fracas, normalmente oportunistas.

Sem aspecto político qualquer que seja, o Manuel Alegre sabe. Bazou para Argel.
O "sistema" não quer~~ saber.

Incomoda-os.

Foram às colónias cerca de 1,300 milhões de gente, estarão vivos uns 700.000.
Velhos, avôs, vida estabilizada na sua maíoria,.
Tão-se bem nas tintas para este tipo de governação. Onde se abstéem, o que eu penso. Gente votante, uns 3/4 milhões ??

Quer dizer que o nosso País está entregue ao desconhecimento.

Nada pior do que se destruir uma História em nome dum efémero poder.

Cada um pense como entender.

Eu penso assim.

E, no tema, Espanha leva bem mais a sério todos os temas, a começar pela protecção a cidadãos que irão nascer. Cidadãos que respeitam.
Não será o dinheiro, sabemos, será respeito total. Por amor da Pátria.

Cumprmts

12:52 da manhã
Anonymous Rua do Crime said...

Muito bem dito Anabela Fino

Por cá o "caga tacos" promete (!promete!) dar 200€ a um ser que sem qualquer tipo de culpa já deve ao Estado dezenas de milhares de €.

Promessas destas dão vontade de rir e mostram bem os políticos que nos governam

8:31 da tarde

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