O I.N.E.M.

Ontem à noite, depois do jantar, resolvi dar uma volta pela cidade! De carro e com ar condicionado porque o calor era muito! Faço-o com alguma frequência, naquilo a que chamo " o passeio dos pobres"! Uma das zonas por onde gosto de passar é pela cidade velha! E ontem, não variei! Arco do Repouso, com passagem frente à Câmara... e, foi aqui que reparei numa senhora quase a cair e mal amparada por uma outra! Disse para "a patroa", que é enfermeira:- " Vais ter que entrar de serviço"!Parei e ambos saltámos em auxílio da senhora! A desfalecer, a transpirar, deixando-se urinar, a perder a consciência e o pulso a fraquejar....Deitou-se a senhora, pernas mais alto, e a "técnica" a trabalhar..."Chama o INEM"
Marco o 112 e esperei o normal! Informei o que se passáva e dizem-me:- "Um momento que vou ligar ao médico"!
Pi,Pi,Pi,Pi,Pi,Pi,Pi,... "porra que não atende"! Lá atendeu! Voltei a informar o que se estava a passar e a resposta foi:- "Qual o seu número de telefone"! Dei o número e entretanto fui informando que a senhora era cardíaca, tinha 79 anos, elementos que a filha me foi transmitindo! Claro que a filha também começou a sentir-se mal perante um quadro daqueles!Entretanto o médico pergunta-me:-" Que medicação è que a senhora faz"?
Tive para lhe perguntar os números do euromilhões de àmanhã! Insistiu em falar com um familiar, apesar de lhe ter sido transmitido que a senhora tinha perdido a consciência e que o pulso não se sentia!
Lá se chamou a familiar e eu armei-me em socorrista da minha mulher! Um vómito! "Vamos pôr a senhora de lado! Tirem-lhe a placa"! Sempre a falar com a senhoa que a nada "reagia"! Olhos fechados e sem pulso! Quando se ìa colocar a senhora em posição para uma massagem cardíaca, eis que abre os olhos! "Como se chama, filha?" diz a enfermeira! Emite uns sons imperceptíveis e perante a insistência lá diz o nome! "Está salva a Pátria", pensei eu! O pulso reaparece... "cheio e rítmico" e a senhora começa a ficar estabilizada! Uff!
Ah! Já me tinha esquecido que o meu telemóvel estava na mão da familiar da senhora que tinha ficado a responder ao inquérito do médico! Não sei quanto tempo levou esse inquérito mas o tempo foi passando até que começo a ouvir o barulho estridente das sirenes da ambulância que entretanto se aproximáva! E lá apareceu "a voar baixinho" em socorro da doente! Não vou afirmar que levaram demasiado tempo! Se a pobre da senhora não tivesse reagido "o tempo teria sido uma eternidade"! Mas, como felizente a evolução foi favorável, o "tempo foi normal"!
INEM a trabalhar, com dois enfermeiros, e....tudo bem! Só coloco uma questão:- Para quê a ambulância a "voar baixinho", entrando inclusivé por uma via de trânsito proibido, se tanto tempo "foi gasto" com o tal inquérito"? Sei que não é fácil para o médico de serviço no CODU avaliar a situação sem obter elementos! Mas, quando lhe foi transmitida a situação foi-lhe dito "com perda de conhecimento"! Não foi dito que estava caida ou desmaiada! Os termos reflectem algum conhecimento.... Foi dito que era uma doente cardíaca e com 79 anos... Foi-lhe dito que o pulso não se sentia....Estes termos são, no mínimo, proferidos por alguém que denota ter algumas noções de avaliação da situação do doente....Só sabe "falar de pulso" quem sabe como fazer a "apalpação"! Em suma, parece-me que os inquéritos feitos pelos médicos da central do INEM, não podem ser "inquérito tipo"! A mesma "ladainha" para todos os telefonemas...
Lembro-me de um slogan que há anos "circulou" na nossa televisão que dizia:- "Um minuto pode salvar uma vida"! "Então, vamos juntar todos os segundos, que farão vários minutos, e vamos salvar muitas vidas!"
.......depois desta "cena" e tal e qual "meninos dos escoteiros" dissemos um para o outro:- Já fizemos a nossa boa acção"!..........e fômos acabar o nosso "passeio dos pobres"...